Espaço ciência

Da luz o conhecimento<br>a participação e o futuro

Ana Miguel

Os milhares de visitantes do Espaço Ciência encontraram um amplo programa concebido para mostrar e dar a conhecer a luz como efeito e como causa desde as ciências naturais às ciências físicas. Neste ano proclamado como o Ano Internacional da Luz pela Assembleia-Geral das Nações Unidas (AG-ONU), Portugal não esteve incluído nos 35 países que acolheram esta proposta, como referido pelo astrofísico Pedro Russo, um dos conselheiros da coordenação global desta iniciativa da ONU. Uma decisão tomada pelo Governo PSD/CDS.

Este chão nosso que desde os anos noventa acolhe o País em luta, amplia a luz da sociedade nova e o futuro de paz com os povos do mundo, promoveu a luz, deu a conhecê-la nos vários domínios e matérias, apresentou propostas inovadoras num trabalho que suplanta cada edição da Ciênci@vante! – e já vão catorze – onde as diversificadas actividades desenvolvidas e disponibilizadas produzem espanto pelas experiências práticas e troca de conhecimento entre os visitantes de todas as idades e ramos do saber.

A expectativa e a alegria sobre tudo o que foi encontrado na Ciência ficou bem mostrada na prontidão das perguntas, das respostas e no querer experimentar tudo. À volta de materiais do quotidiano como balões, água, farinha, garrafas, pregos, pincéis e tintas a que foram juntados outros da tecnologia, dos laboratórios e dos centros da ciência, foram muitas as crianças e os jovens que logo ali decidiam querer aprofundar conhecimentos para trabalhar em áreas de investigação científica. Ao vê-los com tanto para aprender, mexer e confirmar pelo êxito e pelo erro, nessa bela aliança da teoria e da prática, muitos de nós fomos levados num ápice aos anos em que usufruímos do agir dialéctico da escola que Abril abriu em que a par das outras disciplinas a ciência foi direito garantido e sem medos de ser ensinada, aprendida e explorada.

Numa aprofundada revisitação histórica foram dados a conhecer autores e posições tomadas desde o século II a.n.e. ao XX n.e. na Astronomia, na Física, na Biologia, nas Ciências Sociais (História, Antropologia, Sociologia e Psicologia), na Política, nas Artes e Letras, sobre a origem e o potencial da luz que nos chega do universo ou é desenvolvida das variadas matérias, bem como outras datas científicas a assinalar neste ano relacionadas com óptica, luz, electromagnetismo, radiação cósmica e fibra óptica.

Para além das exposições, os milhares de visitantes da Ciência assistiram a documentários, participaram nos três debates, experimentaram uma cama de pregos bem afiados, estiveram numa câmara escura, permaneceram em cima de uma plataforma de balões sem os rebentar, ficaram com os cabelos em pé, viram estrelas e astros, aprenderam a escrever frases de forma invertida para serem lidas no espelho e até deram pequenos choques uns aos outros, no meio de grande alegria e querer saber como é feito.

A iluminar caminhos

Uma lâmpada interactiva e o lema «Luta Luz Futuro!» foram escolhidos como assinatura das actividades concebidas, investigadas e executadas exclusivamente pelo Grupo de Trabalho da Ciência da Festa do Avante!. Colectivo diversificado constituído meio a meio por militantes comunistas e por amigos da Festa e do Partido, cumpre o método de trabalho escolhido e a cada Março assenta arraiais na Atalaia para decidir temas, conteúdos e funcionalidades a que acorrem milhares de visitantes assim que são abertas as portas da Festa. Em número de trinta são investigadores, astrónomos, físicos, estudantes e outros interessados nestas áreas, que durante os três dias recebem orgulhosos e festivamente os visitantes deste Espaço erguido pelas suas mãos, saber e dedicação, durante o tempo livre de um semestre ou das férias.

Terminada a Festa, o trabalho realizado por estes construtores do conhecimento científico não fica nem arrumado nem esgotado antes é transformado, dado a conhecer cumprindo a sua natureza democrática claramente presente na génese formativa e nos conteúdos informativos, científicos e rigorosos mas de total compreensão para todos os públicos. A exposição no seu conjunto ou em cada uma das partes que a constituem é levada ao encontro de um incontável número de visitantes respondendo às solicitações de empréstimo feitas por autarquias, escolas e movimento associativo, algumas delas recebidas durante a Festa.

Nestes três dias de Ciência potenciámos luz no conhecimento, luta pelo conhecimento e futuro de conhecimento expandidos também por todas as áreas desta Festa sempre em construção e para os fazer audíveis e visíveis lá estava por todo o lado a luz: palcos, ruas, cinema, debates, teatro, segurança, livros, abraços, artes plásticas, danças, discos, artesanato, fotografias, limpeza, carvalhesa, gastronomia, desporto e tantas outras actividades. A cada dia renovados, lembra-nos o físico Carlos Fiolhais devermos «tudo à luz. A nossa proximidade do Sol é a única razão para termos vida aqui!», uma das ideias bem explicada aos mais pequenos no seu espaço da Ciência. Porém, nesta Atalaia iluminada sempre que olhámos o céu nocturno vimo-lo como deve ser: escuro e estrelado. E pudemos estar mais próximos da natureza que defendemos, amamos e queremos preservar para todas as gerações. Somos constituídos por muitas matérias, uma delas é o ferro e os astros também. É igualmente, por isso, que nestes dias de Setembro abrimos outro ano com as vontades já dirigidas ao conhecimento sempre belo e novo. Pela Ciência sabemos como aqui chegámos, uma parcela ínfima é certo, comparados com a Terra que nos acolhe, afirma Máximo Ferreira, num dos debates realizados. Nos três debates deste ano com temas inesgotáveis levados e levantados em discussão, destacamos a rapariga e a sua assumida dúvida colocada na declamação do poema «A propósito de estrelas» de Adília Lopes, sobre qual destes interesses lhe chegou primeiro: se pelo rapaz que gostava tanto de estrelas, se pelas estrelas de que tanto gostava o rapaz.

A concluir esta perspectiva singela sobre o Espaço Ciência sigamos outra abordagem cósmica que esteve presente – do ponto de vista de construção mental – para entendermos a luz que também implica abordar a escuridão interior onde residem os preconceitos, os medos, a solidão e a rejeição. E é com toda a confiança que vamos ao encontro dos vizinhos, da família, dos amigos, do povo, para voltarmos a afirmar-lhes o tão necessário quanto urgente, que é romper com estas políticas velhas de destruição que desde 1976 persistem em levar-nos para o abismo. Pôr fim aos desperdícios e aos esbulhos daquilo que é nosso, dia 4 de Outubro, com apropriação da Luta Luz Futuro! – o belo lema do Espaço da Ciência –, toda a confiança de voto na CDU!

 



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